Diego Costa esperou sentado um chamado da Seleção, que não veio. Cansado, decidiu jogar pela Espanha. Foto: Andrés Kudacki AP/AE
Diego Costa esperou sentado um chamado da Seleção, que não veio. Cansado, decidiu jogar pela Espanha. Foto: Andrés Kudacki AP/AE

Desta vez o tema central não é nenhum novo escândalo de corrupção ou algo parecido aos que sempre surgiram relacionados com a CBF ao longo da sua história de bastidores sombrios e pouco esclarecedores. É algo muito pior. A falta de competência na hora de convocar os jogadores está fazendo que muitos dos principais destaques brasileiros no exterior desistam de atuar pelo Brasil. E com isso temos que aguentar jogadores sofríveis técnicamente vestindo o manto verde-amarelo. Ou seja, o conando da CBF não sabe fazer o trabalho básico.

Primeiro, foi o meia Thiago Alcántara. Um novo talento do futebol mundial surgia no Barcelona, ganhando prêmios e reconhecimento apesar da pouca idade. De tanto esperar uma convocação que não veio para a seleção principal do Brasil, foi jogar pela Espanha. Tudo bem que isso ocorreu na etapa de Mano Menezes, um dos piores técnicos que vi em toda minha carreira de jornalista e amante do futebol. Então, não dava para esperar muito.

Agora, o caso mais alarmante: o do atacante Diego Costa (25 anos, natural de Lagarto-SE). Há quase dois anos, posso afirmar sem medo de errar que é o melhor jogador brasileiro atuando na Europa. Um goleador capaz de realizar trabalhos defensivos dignos de volantes como Dunga e Mauro Silva, com uma garra e poder físico visto em poucos jogadores. A alma de um Atlético de Madrid que vivia submerso  num ostracismo histórico e que ressuscitou para o mundo do futebol tendo ele como um dos seus grandes protagonistas.

O Atlético voltou a ganhar títulos, voltou a vencer o Real Madrid após 14 anos de fracassos contra o eterno rival da capital e, ao lado do Barcelona, é o líder da Liga Espanhola e da Champions League mostrando números incomparáveis no futebol europeu. E Diego Costa sempre ali, marcando. Não só isso, é o atual artilheiro da Liga das Estrelas, com 10 gols em oito rodadas, na frente de nomes como Messi e CR7….e jogando muito.

Mas temos que aguentar outros jogadores atuando na sua posição com qualidade bastante inferior. O certo é que ele também cansou de esperar e decidiu jogar pela Espanha também. Antes, com Brasil, foi convocado para dois amistosos, contra Itália e Rússia, em Londres, que pude acompanhar ao vivo e foi testado de forma lamentável. Um desperdício.

Falta de informação ou burrice?

O Felipão pode ser teimoso, mas burro nunca foi. Matreiro e competente, já vi ele tirar leite de pedra. Só não posso entender como deixa de fora um jogador com as características que ele sempre quis ter nas suas equipes. Que une garra, técnica e velocidade como poucos. Já do Parreira, como técnico, tenho minhas dúvidas. Fez de tudo para o Brasil perder a Copa de 1994. Não conseguiu. Mas em 2006, triunfou no seu objetivo ao ser eliminado nas quartas-de-final com um das gerações de atletas mais espetaculares que pude ver. Retranqueiro, escalou mal. E pagamos o preço.

Acredito que ambos tenham a TV a cabo com defeito e não consigam ver o futebol europeu como deveriam. Ou a imagem deve sofrer muita interferência. Nesse contexto, surge outra vítima: o do lateral Adriano, do FC Barcelona. Há anos atua no mais alto nível na Europa. Joga na lateral-direita, esquerda, de zagueiro, de volante e até de meia se precisar. Polivalente e mais goleador que qualquer um dos seus concorrentes. Mas no Brasil não tem vaga.

A sorte do Neymar é que já era conhecido no Brasil antes de vir para a Europa senão era capaz de não ser convocado também. Um fato que desanima e entristece os jogadores citados anteriormente, como pude comprobar em várias conversas informais que tive com todos eles. Algumas delas, nesta semana. Ninguém nunca saberá o que acontece nos bastidores de uma convocação da Seleção Brasileira, mas o certo é que há muito anos, o critério técnico deixou de importar. Já não temos mais jogadores como antes e quando aparece algum decente, dão de presente aos outros. Resta torcer para que tudo dê certo, mesmo fazendo errado.