A camiseta promocional do clube: “Ame o St. Pauli. Odeie o racismo”. Foto: divulgação (www.fcstpauli.com)

Não existe um time de futebol que provoque mais simpatia dentro e fora da Alemanha. O St. Pauli, clube do bairro portuário de Sankt Pauli, em Hamburgo, se converteu num ícone dos anos 80 ao ser o primeiro time do mundo anti-facista, anti-sexista e anti-racista colocando inclusive cláusulas no seu estatuto. Além disso, é o clube com o maior número de sócias. E elas mandam mesmo. Sua pressão fez que o St. Pauli retirasse os anúncios de uma revista masculina do estádio porque consideravam que eram ofensivos às mulheres.

Sua essência é absolutamente insólita no futebol mundial. “É o time da clase trabalhadora”, declarou Butje Rosenfeld, ex−jogador do time. O bairro de Sankt Pauli se converteu em uma zona de imigrantes no final dos anos 60. Agora, também se converteu num reduto de estudantes. Um lugar de uma natureza política progressista e democrática. Além disso, o clube é seguido por grupos musicais alternativos de todo o mundo, como o Bad Religion, o Asian Dub Foundation e o Turbonegro, que lhe dedicou uma canção.

O presidente do St. Pauli, Corny Littman. Foto: divulgação (www.fcstpauli.com)

O presidente do St. Pauli, Corny Littman, 57 anos, é director de teatro e abertamente homosexual, sem problemas nem complexos. Nos anos 70, o estádio do clube mudou o seu nome para Wilhelm Koch (um ex presidente). Então, descobriram que ele tinha um passado ligado ao Partido Nazista e o campo voltou a chamar Millerntor, denominação mantida até hoje.

O novo ídolo da torcida é Deniz Naki, um alemão filho de turcos que se identificou ao máximo com o clube. Em novembro do ano passado, na casa do principal rival, Hansa Rostock (time de uma cidade conhecida por ter muitos votos da extrema-direita), Naki celebrou um gol correndo até a arquibancada situada atrás do gol, onde ficam a torcida radical do adversário. Ali, o atacante do St. Pauli simulou um gesto como se lhes cortasse a garganta. Naki ainda cravou uma bandeira do seu time no gramado no final da partida. Virou herói.

A incrível legião de torcedores

 

Só na Alemanha se calcula que o St. Pauli possui aproximadamente 11 milhões de simpatizantes. Além disso, coleciona mais de 500 clubes de fãs em todo o mundo. Quando jogava na terceira divisão, o clube tinha uma média de torcedores de 15 mil por jogo – isso que a média da categoría era de 200 torcedores. Os patrocinadores vieram correndo. A marca de carros Dacia fabricou uma edição especial do St. Pauli no seu modelo Duster. A gigante dos materiais esportivos Nike também fez duas série especiais dos seus tênis ´Dunks´.

O ídolo Deniz Naki nos braços da galera na festa do regresso à primeira divisão nesta temporada. Foto: divulgação (www.fcstpauli.com)

Até nesse ponto o clube conseguiu ser innovador. Sankt. Pauli é o ´bairro vermelho´ de Hamburgo e por isso ninguém melhor para ser patrocinado por Orion, uma empresa de produtos eróticos na internet. Para comemorar o retorno à primeira divisão do futebol alemão, a empresa elaborou 20 mil preservativos com o escudo do clube. A Bundesliga que se prepare…