Tata manu
Tata Martino tiró de ironía con los periodistas presentes en el estadio culé: “Sí, estamos en crisis”. Foto: Manu Fernández AP/AE

O melhor da rodada da Champions League não foi nenhuma partida, nenhum jogador, nem nada disso. Foi a entrevista coletiva de Daniel Alves e Tata Martino prévia ao duelo contra o Milan, válido pela Champions League. Um espetáculo. Ambos, cansados das repetidas e absurdas questões que seguem na pauta do dia, esbanjaram ironia com os jornalistas presentes no estádio culé.

Tata soltou: “Sim, estamos em crise. Seguimos invictos e líderes de tudo, mas estamos em crise, como o Milan. Não imagino o que acontecerá quando o Barça perca o seu primeiro jogo, mas estou vendo filmes de guerra, por precaução”.

Os comentários surpreenderam os jornalistas que levam tempo tentando destruir o estilo de jogo culé, seja ele qual for. Alguns, mais desinformados que nunca, trataram o clarividente técnico culé como louco, quando sinceramente é um dos treinadores mais coerente com as palavras que todos já viram passar por aqui.

Daniel Alves também foi na mesma linha. “Antes a imprensa criticava porque nosso estilo era ‘monótono’. Agora que oferecemos alternativas, criticam porque dizem que já não temos aquele estilo que era monótono. Não me surpreendem essas críticas. Isso é a necessidade que vocês têm de encher páginas”.

O ‘X’ da questão

Essa história serve para ilustrar descontentamento eterno do ser humano. Principalmente se o  cidadão é o típico jornalista metido a gênio e adepto às polêmicas…inventadas. Em alguns casos, existem interesses sombrios por trás de tudo, mas independentemente disso, o dito cujo tem que realmente incomodar.

Mas vamos lá. Em 2003, o Barça não ganhava nem bom dia dos seus torcedores. Encarcerado num período de trevas, onde até um título da Copa Catalunha era celebrado como uma final de Champions, o clube era um barco sem rumo e imperava a tristeza por todos os lados. Naquela época, por exemplo, o Barça jogava UEFA (estava fora da Champions) e oferecia atuações lamentáveis à sua torcida.

Então, chegou Ronaldinho Gaúcho. Com ele, o sorriso voltou ao clube e o estilo abandonado desde o ‘Dream Team’ de Johan Cruyff foi recuperado. Ganharam quase tudo. O que pude ver só nesta etapa já servia para deixar qualquer torcedor, jornalista, alienígena, enfim, qualquer um feliz por décadas. Mas não parou aí.

Guardiola assumiu e transformou esse filosofia que ele também tinha vivido como jogador numa obra de arte. E aí sim o Barça ganhou tudo – e muito mais – jogando um futebol nunca visto, onde os adversário não passavam de meros coadjuvantes durante os 90 minutos. Algo que talvez o mundo não volte a ver quando esse elenco atual do Barcelona se desmanche.

Os ‘gênios’

Qualquer pessoa normal sabia que era impossível pedir mais. Mas não para alguns. Muitos jornalistas diziam que o estilo era ‘monótono’, que aquilo de tocar a bola 100 vezes antes de marcar um gol estava fora de moda etc e tal. Reclamavam, pedindo uma mudança. Chegou Tito Vilanova e continuou com a monotonia. O Barça foi campeão espanhol com 100 pontos, um recorde.

Infelizmente, Tito teve que sair. No lugar dele, entrou Tata Martino e recentemente o Barça conseguiu o seu melhor início da história na Liga Espanhola e um total até agora de 18 jogos oficiais disputados, com 14 vitórias e 4 empates. Ou seja, invictos e líderes de qualquer competição. Agora, os ‘gênios’ da imprensa insistem em dizer que o Barça está fora de forma, que é outro e se perguntam: onde está aquele estilo (até então ‘monótono’)?.

Um ridículo que atingiu o seu apogeu quando o Barça perdeu a posse de bola após cinco anos com um 2% menos que o Rayo Vallecano, numa partida que meteu 4 a 0, com um segundo tempo digno de cinema. E isso que nenhum desses jornalistas se lembrou de comentar que o Rayo na temporada pasada foi o 2º time com mais posse de bola da Liga, na frente inclusive de equipes como Real Madrid e Atlético. Um dado no mínimo relevante neste contexto. Sem falar no resultado final da partida: 0-4.

Vale lembrar que na quarta-feira o Barça seguiu com a sua ‘crise’. Derrotou o Milan (3-1) com dois gols de Messi, que para alguns, já deveria estar aposentado. E neste domingo o clube catalão enfrenta o Betis, pela Liga Espanhola, ainda em ‘mal momento’. Na verdade, o que está faltando não é o Barça se preocupar com o estilo ou coisas do gênero. Falta que esses ‘profissionais’ da imprensa aprendam a fazer jornalismo de verdade, baseado em fatos e informações coerentes. O resto, sobra.