O lateral Daniel Alves confessou que gostaria de encerrar sua carreira no Brasil, mais pecisamente no Bahia, o clube que o revelou para o futebol. Foto: Angela Zorrilla

O consagrado lateral Daniel Alves volta aos poucos à sua melhor forma no futebol europeu. O craque do FC Barcelona e da Seleção Brasileira foi eleito o melhor jogador do mundo na sua posição em 2012 e é novamente umas das armas do clube catalão nesta reta final de temporada.

O astro do Barça comenta nesta exclusiva quais são as perspectivas dos jogadores culés com relação aos possíveis títulos deste ano. Fala de Seleção Brasileira e do sonho de jogar uma Copa do Mundo no Brasil. Daniel Alves revela também o desejo de encerrar sua carreira no time que o revelou para o futebol. Acompanhe!

LD Sport News – Após perder a Liga Espanhola do ano passado, como é ser líder com tanta superioridade nessa temporada? Esse título já está definido?

Alves – Acho que não. Numa competição tão longa e com um nível tão alto como é a Liga Espanhola você não pode se acomodar. Até mesmo porque sabemos que é difícil manter uma equipe aos 100% durante todo o campeonato e sempre existem oscilações na temporada. Por isso ter essa vantagem na Liga Espanhola é muito importante, inclusive para ter mais tranquilidade nas outras competições. Mas aqui no Barça só celebramos os títulos quando estão matemáticamente decididos.

Quais as principais dificuldades que você espera do duelo contra o Milan na Champions League?

Alves – Acho que a principal delas é a história que tem o rival. O Milan é um clube histórico, está entre os que mais ganharam esse título e isso sempre tem que ser respeitado. Também contam com excelentes jogadores. Por tudo isso nos concentraremos para fazer uma boa eliminatória e vamos confiar em nossos argumentos, que não são poucos.

Porque os clássicos dos últimos anos contra o Real Madrid se converteram em sinônimos de violência e provocação?

Alves –  Normalmente cada um utiliza suas armas. As nossas armas são jogar futebol e desfrutar desse esporte apaixonante. As deles são as diferentes formas de tentar desequilibrar nossos jogadores com um jogo brusco, algumas vezes até sujo. Mas contamos com um árbitro e três auxiliares para controlar isso. A responsabilidade do controle da partida é deles e quando não existe este controle acontecem coisas ruins.

A final da Champions League deste ano será uma vez mais em Wembley. Seria especial retornar a um estádio tão simbólico na história do FC Barcelona? 

Alves – Poder jogar outra final ali seria algo maravilhoso para nós jogadores e para toda a torcida do Barcelona. Tanto o velho Wembley como o novo foram marcantes para o Barça, já que ganhou duas das suas quatro Liga dos Campeões jogando nesse estádio.

Você foi eleito novamente o melhor jogador do mundo na sua posição (lateral-direito). Como é entrar em campo com esse ´status´?

Alves – Olha, para mim não muda muito não. Vivo minha profissão com intensidade, sem pensar muito no que foi conseguido, sem pensar em títulos individuais. Penso que os prêmios individuais são resultado do que você faz em conjunto, do que você oferece dentro de uma equipe. Claro que esses reconhecimentos são importantes na carreira de um jogador e algo difícil de conquistar, mas quando um jogador de futebol têm a consciência de que pratica um esporte coletivo penso que os prêmios vêm naturalmente.

Daniel Alves com o jornalista Lucas Duarte num momento da exclusiva realizada em Barcelona.

Como é a tua relação dentro e fora de campo com Lionel Messi?

Alves – Dentro de campo é a relação entre dois jogadores que sabem o que estão fazendo, que busca fazer o melhor para o time com inteligência e rapidez. Já fora de campo temos uma boa amizade que espero conservar para sempre. Ele tem uma familia muito humilde, bastante parecida com a minha e é uma pessoa que admiro muito.  É o tipo de pessoa que quero ter sempre ao meu lado.

E os planos para o futuro. Deseja terminar sua carreira no Barcelona, pensa em mudar de clube ou até quem sabe em retornar ao futebol brasileiro?

Alves – Eu sou uma pessoa agradecida e acho que voltaria ao Brasil para acabar minha carreira no Bahia. Na minha cabeça seria uma forma de agradecer a oportunidade que eles me deram de ser alguém no futebol e de ter conquistado tudo o que consegui até hoje.

Você é um dos maiores incentivadores da chegada do Neymar ao Barcelona. O que você acha que o santista pode oferecer ao clube?

Alves – Quando eu falo da chegada do Neymar, falo no futebol europeu em geral, mas se for no Barça será muito melhor.  Seria algo muito bom para ele, ia poder crescer ainda mais como atleta e refinar a impressionate técnica que possui. E para a Seleção Brasileira também seria bom, pois teriamos o Neymar melhor que nunca para as competições que virão.

O que sentiu no ambiente da Seleção Brasileira após a chegada do técnico Felipão?

Alves – Acho que houve uma mudança de energia, de identidade e que algo mudou para melhor. E quando você vê que algo melhora, aumentam tuas esperanças. Sabemos que temos pouco tempo para construir o time que ele quer, mas quando há qualidade, experiência e uma inteligência técnica e tática como é o caso do Felipão, você sente confiança. Por todo o respeito que o nosso técnico tem no mundo todo, inclusive já tendo conquistado uma Copa, pensamos que ele é a pessoa idônea para guiar-nos outra vez ao caminho dos títulos.

Acredita que o Brasil chegará forte na próxima Copa?

Alves – Penso que sim, temos excelentes jogadores que podem fazer um grande trabalho. E teremos o nosso grande aliado que é a nossa torcida. Muita gente me comenta que teremos mais pressão por jogar em casa, mas eu penso o contrário. Eu me sinto mais cômodo na minha casa. O torcedor brasileiro sabe a importância que ele tem e joga muito com o time deles. Nesse caso, nós seremos o time deles. Acredito que será uma Copa espetacular e nós vamos ter opções sim.

Alves disputa uma bola com Wayne Rooney no amistoso da Seleção Brasileira contra a Inglaterra, disputado no último mês de fevereiro, em Wembley.

O que espera para os próximos amistosos contra Itália e Rússia?

Alves – Espero que a rapaziada tenha assimilado a idéia do Felipão e que possamos melhorar. Na verdade ainda não tivemos tempo para treinar. Nossos jogadores também vão estar mais rodados, já que a maioria dos atletas atuam no Brasil e tinham apenas começado a temporada. Chegarão com um acúmulo de atividades no corpo e isso ajuda para que o ritmo seja outro. E como te falei antes, confio bastante no projeto do Felipão e penso que vamos estar melhor em cada jogo.

Como analisa o Grupo do Brasil na Copa das Confederações, com Itália, México e Japão?

Alves – São seleções bastante qualificadas que não vão estar ali a passeio. É um grupo forte, onde certamente teremos muitas dificuldades. Mas para ser campeão temos que superar dificuldades. Aceitamos o desafio e vamos ver o que vai dar.

Na tua opinião qual será a importância de eventos como a Copa das Confederações, Copa do Mundo e as Olimpíadas para o Brasil?

Alves – Achos que esses eventos existem para melhorar um país, para você crescer em educação e em diversos outros aspectos. Acho que o Brasil merecia ser organizador desses eventos por toda a sua grandeza e beleza. Penso que o Brasil ficou um pouco atrás em idéias se comparamos com a Europa e que poderia usufruir deste eventos para aprender e evoluir. Acredito que esas competições servirão para abrir um pouco mais a cabeça do brasileiro e espero que realmente sirva para melhorar o país.

Vê alguma solução para o racismo no futebol europeu?

Alves – Deveriam existir castigos muito mais duros contra as equipes cuja torcida ou jogador tenha qualquer comportamento racista num estádio. É algo que não deveria existir. Quando falo em racismo não é só contra o negro, é contra os brancos também pelos mais diferentes motivos. Eu já passei por situações desagradáveis, mas já estou acostumado com isso. Não deveria estar, mas é a maneira que encontrei de fazer meu trabalho tranquilo. É triste dizer isso mas é a realidade. Só que no meu caso eu tenho muito orgulho das minhas origens e de pertencer a uma família de negros.