A rádio está proibida de falar na Liga Espanhola.

É impossível imaginar o futebol sem a rádio. O meio de comunicação mais popular do planeta foi um dos principais elementos que acompanharam o desenvolvimento desse esporte. Durante muitos anos foi a única opção do torcedor para seguir as aventuras do seu time, mistificou jogadores e conquistas através da criatividade dos seus narradores. Também levou a emoção aos lugares mais remotos e mesmo com o surgimento das novas tecnologías, o rádio não perdeu o seu encanto e segue como o meio preferido de muita gente.

Mas agora tudo mudou. A transformação do futebol em um negócio milionário acabou com o romantismo neste esporte. Tudo é dinheiro. Por culpa disso, as emissoras de rádio espanholas estão proibidas de entrar nos estádios para cobrir os jogos da divisão de elite da Liga Espanhola 2011/12. O torcedor já leva duas rodadas sem poder escutar o seu locutor predileto cantando as jogadas e os gols dos craques que atuam na melhor liga do mundo.

A Liga de Futebol Profissional (LFP) exige que as rádios paguem uma taxa pelos direitos audiovisuais da competição, controlados pela empresa Mediapro. As emissoras alegam estar amparadas pelo constitucional direito à informação e por isso se negam a negociar esse pagamento. O assunto não deixou indiferente nem o governo espanhol, que está buscando uma solução para o problema. Sem muita vontade, diga-se de passagem.

A LFP afirma que se as TV´s pagam para ter o direito de transmitir, os outros meios de comunicação também devem fazer o mesmo. Os proprietários das rádios se defendem dizendo que não se pode comparar as transmissões de rádio com as de televisão. Inclusive organizaram uma coletiva na última quinta-feira para anunciar uma reunião com o governo para propôr mudanças legislativas nesse contexto. Além disso, reafirmaram que não negociarão o direito à informação.

O governo espanhol está em cima do muro. O porta-voz da presidência, José Blanco, declarou que é partidário do livre direito de informar, mas que deseja que ambas as partes cheguem a um acordo o antes possível para o bem de todos. “Penso que as pessoas têm o direito à informação e ao entretenimento, mas se as rádios se negam a pagar por isso, as TV´s poderiam fazer o mesmo. Aí o problema seria ainda maior”.

Ou seja, falou muito e não disse nada. A verdade é que tanto o torcedor como o próprio futebol são os únicos prejudicados com todo esse conflito. Uma situação que não tem data para terminar e que até o momento não oferece uma perspectiva de um final feliz.