Camp Nou. Barcelona. Dia 6 de abril de 2011. O Barça entrava em campo diante do Shaktar Donetsk pela ida das quartas-de-final da Champions League 2010/11. Chegava do Brasil neste mesmo dia e tive que ir direto ao estádio. Como sempre, casa cheia. Quando o maior estádio da Europa se veste de gala para um jogo importante como este, arrepia qualquer um. E não importa quantos jogos de Champions você tenha no currículo, a coisa impressiona mesmo até os jornalistas mais rodados.

Iniesta homenageou sua filhinha Valeria acompanhado de David Villa. Foto: Siu Wu/AP

Mas por um momento achei que alguma coisa havia mudado no tempo que estive fora. Cheguei e escutei o Guardiola no jornal da TV dizendo: “Não sinto boas vibrações, acho esta eliminatória complicada”. Confesso que fiquei surpreso. Como todos. Guardiola sempre foi um ´gentleman´, respeitador, educado, mas por favor, sem exageros. Se fosse o Lucescu (técnico do Shakhtar) dizendo isso, seria mais que compreensível.

Bola rolando e com quatro minutos, gol de Iniesta, contrariando a opinião do próprio técnico. Foi o primeiro gol dele depois do nascimento da sua filhinha Valeria, que recebeu a justa homenagem do papai. Logo depois, golaço de Daniel Alves que já é uma unanimidade universal. Mas quem segue o futebol europeu sabe que ele é o melhor do mundo desde sempre. Infinito. O bom baiano homenageou sua terra, com uma dancinha ao melhor estilo Olodum no Pelourinho.

Alves mostrou o ´swing´ baiano para a torcida presente no Camp Nou. Foto: Manu Fernandez/AE

Aí a festa não parou. O zagueiro Piqué marcou o terceiro e homenageou sua namorada, a colombiana Shakira. O Shakhtar descontou e os jornalistas ucranianos que estavam ao meu lado celebraram. O chato foi que enquanto eles ainda se abraçavam, o meia Keita marcou o quarto do Barça menos de um minuto depois e agradeceu a Deus pelo golaço. Não entendo ucraniano, mas acho que os jornalistas não gostaram nada do que viram.

O meia Xavi fechou a goleada de 5 a 1. E ele homenageou a….na verdade, ele é quem acabou homenageado. Xavi é o maestro disso tudo. Porque o Barça é assim. Quando Messi, Villa ou Pedrito não estão num bom dia, os outros assumem a responsabilidade. Por isso é o melhor time do mundo, que encanta, apaixona e conquista. Ganhando ou perdendo. Único. E só assim uma equipe consegue seu lugar na história. Os outros times que me perdoem, mas eles só sabem jogar futebol. E isso em Barcelona é muito pouco.