Os capitães dos times da Primeira Divisão espanhola na reunião da AFE, em Madrid
Os capitães dos times da Primeira Divisão espanhola na reunião da AFE, em Madrid / AFE

A Liga Espanhola assinou um acordo para que nos próximos 15 anos os Estados Unidos seja palco de pelo menos menos um jogo oficial da temporada da principal liga de clubes do planeta. Entretanto, o que parecia ser um golpe estratégico no projeto de expansão global do futebol espanhol parece não ter agradado os jogadores.

O conflito está armado e a principal liga nacional de clubes do mundo corre o risco de ser paralisada por uma greve. Desse modo, algo que para alguns analistas parecia um golpe de efeito no projeto de expansão global da Liga Espanhola, que traria benefícios aos clubes e jogadores que atuam na Espanha, virou um problema.

E tudo pelo fato dos jogadores não terem sido consultados, apesar do presidente da Associação dos Futebolistas Espanhóis (AFE), David Aganzo, também ter apresentado outros motivos.  “Os jogadores não estão à venda, não pensam apenas no dinheiro e sim na torcida e na saúde. Estamos indignados”, declarou, após uma reunião com os capitães dos clubes da primeira divisão espanhola, nesta quarta-feira, em Madrid.

Entenda o caso

O presidente da Liga de Futebol Profissional (LFP), Javier Tebas, anunciou há aproximadamente uma semana que pela primeira vez na história seriam disputados jogos da Liga Espanhola fora do território espanhol. Mais precisamente, nos Estados Unidos.

Isso graças a um acordo com a empresa Relevant, uma multinacional de meios, esporte e entretenimento, que se dedica a promover o futebol nos EUA e Canadá. No contrato ficou estabelecido que nos próximos 15 anos será disputado ao menos um jogo por temporada do Campeonato Espanhol nos Estados Unidos.

A Liga Espanhola (LaLiga) e Relevant formarão uma organização chamada LaLiga North America e adotarão uma promoção e expansão similar aos dos principais esportes profissionais dos Estados Unidos, como por exemplo, a NBA, a NFL, a Liga de Baseball (MLB) ou a Liga de Hóquei no Gelo (NHL).

Essas ligas já disputam há alguns anos jogos oficiais fora da América do Norte. “Se a NBA ou a NFL disputam jogos fora do seu país, por que a Liga Espanhola não vai fazer isso? É importante para desenvolver a nossa marca e está entre os nossos objetivos a curto e médio prazo”, declarou Tebas.

Indignação dos jogadores

A notícia do acordo para jogos nos Estados Unidos caiu como uma bomba para os jogadores da Liga Espanhola. “Jogar ali é uma loucura, os atletas se negam a aceitar essa decisão”, afirmou o presidente da Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE), David Aganzo.

Segundo Aganzo, a reunião com os capitães das equipes da Primeira Divisão espanhola, nesta quarta-feira, em Madrid, finalizou com a recusa unânime dos atletas em disputar jogos em território americano. A AFE terá uma reunião com a LaLiga no próximo mês de setembro e todos esperam que a decisão seja revogada.

Caso contrário, insinuou que poderia haver uma greve. “Os jogadores pretendem ir até o fim contra essa situação, não há tempo material no calendário”, comentou, antes de citar outras decisões que, segundo a AFE, não favorecem os atletas e torcedores.

Mas o que mais incomodou foi o fato da LaLiga ter tomado a decisão sem consultar os jogadores. “É uma falta de respeito tomar essa decisão de 15 anos sem consultar ninguém. Ao lado da torcida somos principais protagonistas desse esporte e estamos cansados de não sermos valorizados”, concluiu.

Resta agora esperar o próximo capítulo dessa batalha para saber como acabará mais um conflito entre atletas e dirigentes. Abaixo, confira as declarações de Sergio Busquets, do Barça, após a reunião dos capitães dos clubes da Primeira Divisão espanhola, em Madrid.